

Petr Krejcí é um fenómeno interessante no mundo fotográfico checo. Autodidata, é fotografo há 30 anos, 20 dos quais vividos como profissional de assinalável sucesso. As suas fotografias são conhecidas numa série de lugares de relevo e importantes no mundo da especialidade. Trabalhos seus foram já expostos em cidades como Beirute, Houston, Hong Kong, Singapura, Macau, Osaka, Antuérpia, Seul, Basileia e Ljubljana. Participou em exposições coletivas de sucesso, por exemplo na cidade do Cabo. As suas imagens são vistas por leitores de meios de comunicação como o Guardian britânico, o Le Monde francês ou a Vogue, do mundo da moda. Na República Checa as suas imagens são usadas pela Televisão Checa (Ceská televize), Transportes Ferroviários Checos (Ceské dráhy) ou o Automóvel Club Central (Ústřední automotoklub).Colabora com a revista surrealista Analogon e a editora Paseka . Tem vindo a construir o portfolio fotográfico da pianista de jazz Kristina Barta . O refinamento das suas fotografias comerciais é conhecido por clientes de marcas mundiais como a Lacoste, a Loewe, a Lee Cooper ou a Zara. A galerista Salzmannová, em Seattle, é uma grande fã de Krejci – representa os colecionadores entusiastas que compram as fotografias artísticas de Krejci diretamente em séries completas. O empenho criativo e a reserva e falta de tempo do artista são assinaláveis, razão pela qual só agora conhecemos, na Boémia, a interessante - e até o momento também íntima - face criativa de Petr Krejci. Na exposição, que denominou “Tactilis”, apresenta-se-nos com uma faceta totalmente diferente: abandonamos o mundo brilhante das fotografias perfeitas feitas por encomenda, contando histórias atraentes, inspirando consumo e passamos ao trabalho de um homem que, na sua privacidade, se deixa inspirar por filmes de Pavel Juracek e Jan Svankmajer. É atraído pelo mundo real, totalmente diferente do brilho colorido do consumo comercial. Estuda Heidegger e Freud e reflete sobre a sua grande influência na terminologia filosófica no mundo atual. Krejcí vai criando continuamente um estilo característico muito próprio. Isto não é fácil dada a vasta faixa temática e produção massiva do autor: não são muitos os autores capazes de se orientar plenamente, mantendo a qualidade em dois mundos tão opostos. Krejcí tem esse dom – aprofunda-o e é agradável constatar que esta forma de criação e de trabalho não deixa nenhum rasto negativo nos resultados. Pelo contrário: podemos dizer que ambos os mundos enriquecem o autor com as suas diferentes formas e ampliam a sua gama criativa. Isto acompanhado pela alta qualidade de realização o que é natural num fotógrafo como Petr Krejcí. Deixa-se inspirar ainda pelo outono, pelas ruas vazias, pela paisagem urbana ou pela chuva. Ama esta face do outono e do inverno, da aparência levemente melancólica da nossa vida. O resultado advém do processamento que elabora em séries de imagens de qualidade a preto e branco. Conhece a beleza das esquinas arredondadas, passarelas, escadas... Aproxima-nos do encanto imaginário do corpo humano, da paisagem urbana, da poesia de cantos esquecidos, momentos fúteis, retratos improvisados e preparados de amigos, celebridades, casais comuns, embriagados, políticos. Encontramos neles a tristeza dos sem-abrigo e, logo depois uns brilhantes olhos de criança, esbugalhados de curiosidade perante coisas novas. Selecionando algumas séries podemos refletir sobre o rosto de Nova Iorque, vista pelos melhores fotógrafos do lugar nos anos quarenta; outras imagens com a sua beleza quase surreal lembram a vasta escola fotográfica checa que começa nas páginas cinzentas dos anos trinta. Utiliza-as como participantes de pequenas aventuras, tirando-as com qualidade e empatia completamente soberanas. Este mundo tem um tom cinza e preto-e-branco claro e lógico. Nele, longe da multidão ruidosa, cheia de obsessão superficial pelo consumo e cor, vai encontrando pessoas interessantes. Fala com elas, pergunta e vai conhecendo os seus pontos de vista. E, para além disto, vai tirando fotografias para nós. Nestes lugares, nos seus humores e nas conversas, vai lidando com conceitos como a existência. Sente a nossa - e sua - incerteza da existência, interessam-lhe situações que levam à mudança de atitude. A sua criação livre é o contraponto essencial àquela que forma o seu trabalho oficial, que realiza para poder viver. É capaz de lidar com este stress; a criação livre dá-lhe energia, desapego, distância e (logicamente) paradoxalmente a confiança da liberdade criativa. As obras de Krejci fazem parte de coleções privadas nos EUA, Japão, Suíça, Luxemburgo e Israel.